Se existe protagonismo no universo da moda, sem dúvidas ele é da mulher. Os primeiros indícios de um desejo de consumo em torno do vestuário apontam para o feminino como alvo.

Estilistas, revistas da área, comerciais de grandes marcas, todos sempre investiram em um público majoritariamente formado por mulheres. Porém, ao longo da história, nós não nos contivemos apenas com o papel de consumidoras e decidimos fazer parte da porcentagem que produz, cria e transgride.

Desde as figuras femininas mais icônicas como Chanel, que apresentou a mulher o minimalismo em peças do vestuário masculino, até as irmãs Kardashians, que por mais polêmicas que sejam, trouxeram ao mundo da moda um novo corpo, empoderado e cheio de curvas, todas possuem um importante ponto em comum: a representatividade dentro e fora do universo fashion.

E foi pensando nessa tal palavrinha de sentido tão forte (representatividade: ainda vamos falar muito disso por aqui), que abri espaço para apresentar outras mulheres, que ao longo da história da moda também deixaram marcas importantes, nos tiraram do lugar comum, e inovaram:

Amelia Bloomer (1818 – 1894)Ms-Bloomer Ms. Bloomer ficou conhecida por propor a calça como parte do vestuário feminino, em busca de um maior conforto numa época em que os esportes passaram a ser também uma atividade para as mulheres. O traje que leva o nome da criadora baseava-se em calças largas que eram presas na altura dos tornozelos e usadas por baixo dos vestidos, proporcionando uma melhor mobilidade para quem a usasse. Infelizmente o traje pouco se popularizou na época, devido as críticas feitas pela imprensa, mas a iniciativa de se questionar o conforto feminino ajudou milhares de mulheres que na época viviam entre espartilhos apertados e trajes incômodos. Ms. Bloomer foi provavelmente uma das primeiras feministas da história.

Madeleine Vionnet (1876 – 1975)VionnetCom uma paixão por geometria a estilista francesa desenvolveu os mais inovadores cortes e as mais intrigantes modelagens da história. Suas roupas, famosas por serem de difícil compreensão na hora de vestir, eram construídas a partir do corpo feminino. Madeleine foi uma das primeiras mulheres a acreditar que a roupa deveria se adequar ao corpo de quem a vestisse e não o contrário e isso se resultava em vestidos fluidos e com caimentos que beiravam a perfeição. Além de sua grande importância relacionada ao físico feminino, a estilista também foi ícone quanto a garantia dos direitos de suas funcionárias. Foi uma das primeiras artistas a garantir benefícios sociais ás suas colaboradoras como férias remuneradas, pausas curtas e apoio em casos de emergência.

Grace Jones (1948)Grace-JonesEla pode não estar diretamente ligada ao universo das passarelas, porém Grace Jones lançou tendências marcantes para a década de oitenta. A cantora jamaicana de timbre grave se tornou musa de artistas como Andy Warhol e Jean Paul Goude ao propor um estilo andrógeno marcante. Jones foi a precursora do movimento power dressing, febre oitentista marcada pelo uso de peças com recortes bem geométricos e uma pegada na alfaiataria. Sua importância na indústria ultrapassa o estilo, Grace Jones elevou a figura negra ao patamar de lançadora de tendências e mostrou ao mundo através da androgenia, que mulheres também possuem seu lugar no showbiz.

Sandy Powell (1960)Sandy-PowellRepresentando a classe de mulheres no cinema, Sandy é uma das mais respeitadas figurinistas de Hollywood. Com doze indicações ao Oscar (ganhou três deles, pelos filmes Shakespeare Apaixonado, O Aviador e A Jovem Rainha Vitória), treze indicações ao BAFTA e os mais diversos prêmios na área, Powell exerce sua função com muita profundidade histórica e excelência. Sua mais recente contribuição foi para o filme Carol, no qual as roupas das personagens principais, estreladas por Rooney Mara e Cate Blanchett, são parte primordial para que se entre no clima do enredo e da época em que ele é contado. Powell nos faz entender que a magia do cinema está diretamente ligada a moda.

Amaka Osakwe (1987)Amaka-OsakweA estilista nigeriana foi uma das primeiras africanas a possuir reconhecimento global na moda. Dona da marca Maki Oh desde 2010, Amaka já vestiu figuras como Rihanna, Beyoncé e Michelle Obama. Em 2012 desfilou sua primeira coleção na Semana de Moda de Nova York e foi bastante elogiada devido a suas técnicas manuais de estampas. Dando voz a seu continente e exaltando sua cultura, Osakwe sempre traz em seu trabalho referências históricas que questionam a representatividade negra no mundo.

Elisa Santiago é estudante de Design de Moda e uma eterna amante das ruas e das artes. Acredita na roupa  como elemento de fala e empoderamento.