A acne, além de acometer um grande percentual dos adolescentes, pode atingir também mulheres na idade adulta. A doença pode surgir nesta fase da vida (após 18 – 21 anos) ou ser resultado da persistência da acne juvenil.
Pode surgir em decorrência de alterações hormonais devidas a disfunções ovarianas (a mais frequente é a síndrome dos ovários micropolicísticos), alterações das glândulas supra-renais ou um aumento da sensibilidade da pele aos hormônios androgênicos (masculinos), responsáveis pelas manifestações da doença.
Apesar da acne na mulher adulta estar relacionada ao aumento da ação dos androgênios, muitas vezes os exames laboratoriais estão dentro de níveis normais, caracterizando, então, uma maior sensibilidade da pele a estes hormônios.
Características da acne na mulher adulta
Clinicamente, as lesões costumam ser mais profundas, formando nódulos avermelhados e doloridos (acne nódulo-cística), mas também pode formar pústulas (lesões com pus). As áreas mais atingidas são o queixo, mandíbulas e pescoço e colo. Há uma predileçãp para as áreas onde os homens têm pelos (barba, por exemplo), pois são nestes locais que estão os receptores androgênicos ( receptores de homônios masculinos)
Cravos fechados (brancos) são mais frequentes que os abertos (pretos).
Outras características que podem estar acompanhando a acne da mulher adulta, devido à ação dos androgênios, são o aumento da seborréia, aumento de pelos faciais e corporais e queda acentuada de cabelos. Em alguns casos pode ocorrer também irregularidade menstrual.
Tratamento
Confirmada a influência hormonal na causa da doença, o tratamento pode ser feito com determinados tipos de contraceptivos orais, principalmente aqueles que contenham um componente que atue contra o hormônio masculino (anti-andrógeno) ou bloqueadores dos receptores hormonais, que impedem a ação do hormônio sobre a pele.
Medicações de uso local e peelings superficiais também são importantes no combate à acne.
Casos graves podem ser tratados com a isotretinoína (Roacutan) , que pode eliminar a doença definitivamente em alguns meses nas pacientes que não tenham distúrbios hormonais. Mas é muito importante manter controle da influência hormonal por tempo prolongado.
A escolha do tratamento ideal vai depender de cada caso e das suas possíveis causas, sendo importante uma avaliação detalhada da paciente pelo médico dermatologista e/ou endocrinologista que a acompanha.
Dr. Marcus Henrique Morais é graduado em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais- UFMG; Residência em Clinica Médica e Dermatologia; Membro Titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia – SBD; Sócio-proprietário da Clínica Allora – Centro Médico de Laser e Dermatologia – BH/MG