O Natal está chegando! Dezembro talvez seja o mês do ano em que há mais confraternizações do que todos os outros. É tempo de reunir a família e os amigos, seja para almoços, jantares, ou amigo secreto. É tempo de festas e de muitas alegrias. É tempo de comprar presentes para quem amamos.
Mas, como tudo nessa vida não são flores, também temos o outro lado da moeda: shoppings lotados e produtos com preços nas alturas. A impressão que dá é que as pessoas se animam tanto para as compras que saem ansiosas para gastar todas as economias do ano.
Ainda que você faça o tipo de consumidor consciente, é quase impossível não gastar além da conta nessa época do ano! Só que esse cenário pode ser tão diferente!Foto: austria.info
Quem já teve a oportunidade de comemorar o Natal em alguns países do hemisfério Norte, famosos por seus mercados de Natal, sabe do que estou falando!
Fica uma sensação de que falta algo por aqui. E não é da neve que estou falando não! Quer dizer, também…rs. Mas o principal é que os mercados de Natal acontecem ao ar livre, geralmente em pontos estratégicos das cidades, como, por exemplo, nas medievais praças centrais.
As ruas ficam lindamente decoradas e iluminadas, as crianças divertem-se em carrosséis, as canções natalinas tocam sem parar. Essa é, sem sombra de dúvidas, uma experiência muito mais, digamos, genuína!Fotos: wien.info
Pensando nisso, fiquei curiosa para descobrir de onde e como surgiu essa encantadora tradição. Acredita-se que o precursor dos mercados de Natal é o Dezembermarkt (em português: Mercado de Dezembro) da cidade austríaca de Viena.
Isso porque no ano de 1296 o imperador Albrecht I concedeu aos comerciantes o direito de manter um mercado por um ou dois dias, logo no início do inverno, para que os moradores da cidade pudessem estocar suprimentos para enfrentarem o frio nos meses seguintes.Foto: The Telegraph
A partir daí começaram a surgir em toda Europa os mercados de inverno (Wintermärkte). Originalmente, as feiras forneciam apenas alimentos e utilidades para aumentar o conforto das pessoas nos meses de frio intenso.
Porém, com o passar dos anos, as famílias locais passaram a montar barracas para expor a venda os seus produtos, tais como, cestas, brinquedos, esculturas em madeira, castanhas, pães e outras guloseimas. Esses produtos eram então adquiridos para serem oferecidos de presentes no dia do Natal.
Pouco mais de uma década depois, os mercados de invernos passaram a ser conhecidos como mercados de Natal e tornaram-se uma tradição.
A história afirma que foi na Alemanha que surgiram os autênticos mercados de Natal. O primeiro teria surgido na cidade de Munique em 1310, seguido por Bautzen, em 1384, e Frankfurt, em 1393. Mas a questão está longe de ser pacífica, pois há quem atribua a Dresden o primeiro mercado de Natal verdadeiro, em 1434.
De qualquer forma, o fato indiscutível é que a tradição continua firme e forte até hoje. A maioria das cidades com origem alemã tem um mercado de Natal. Na Europa é muito comum.
Tive a oportunidade de conhecer alguns em Paris, Londres, Berlim, e Praga. Fora do continente europeu, cidades do Reino Unido, Estados Unidos e Canadá também realizam mercados de Natal.
E o que encontramos nesses mercados? Além de serem vendidas várias gostosuras típicas, como vinho quente (o nosso famoso quentão das festas juninas!) e um tradicional pão de Natal alemão com frutas secas, nozes, especiarias e açúcar (que parece o nosso panetone), encontramos artesanatos, brinquedos, livros, ornamentos e objetos de decoração natalina em geral.Foto: Cologne.de
Os mercados de Natal representam o verdadeiro espírito festivo natalino. O charme da tradição, que remonta a quase um século, e a emoção de passear em um mercado ao ar livre fazem com que essa experiência seja única e inesquecível! Uma pena que não temos nada parecido no Brasil!
Bianca Cobucci é Defensora Pública, Mestre em Políticas Públicas e coordenadora do Projeto Falando Direito; Autora do blog Teoria da Viagem. Escreve sobre os direitos do consumidor relacionados à viagem e turismo, bem como sobre os países e lugares que já que visitou.